quarta-feira, maio 15, 2013

a segunda parte da história do teu nascimento, José , já pensando em deixar pro ano que vem, afinal tu sabe bem como foi criado sem churumelas e olho brilhando no que há por vir, resolvi contar pelos pedidos tão singelos, tão sentidos, de amigos que cativamos e que nos cativam e também pelo teu comentário perplexo de que não sabia, e sabe-se lá de outras versões da história, gosto que saibas da minha. vou tentar não deixar o fluxo de idéias que se entrecruzam sem vírgulas dominar a escrita e colocarei pontos. assim, no meio do nada. porque os espaços falam à imaginação e a verdade será uma colcha de retalhos que nunca você irá terminar.pronto, se parti prá poesia é que o sentido se aprofundou e mesmo que não pareça racional é assim que deve ser passado visto que foi sim, muito doido todo teu andar de onde estava até minha barriga. estávamos comprometidos na fidelidade e despreocupados com usos de preservativos. ali ninguém queria preservar-se de nada. eu fazia minhas iniciações, minhas práticas com Lama Samten, meu circuito teatral, e teu pai "dava um tempo". eu o visitava a cada lua. um dia, no ap onde eu morava com Daniel ,me encrenquei com a vizinha déspota que mandara gradear todo o prédio. comecei a pintar as grades de amarelo e os vizinhos da SOMA, um pessoal anarquista que adora pegar junto em qualquer protesto, alegremente juntou-se a mim. chamaram a polícia. olhei no relógio. final da tarde. saí voando. lembrei de pegar a lanterna. último õnibus. Osório. Maquiné. dali, só esperar a combi dos estudantes da Barra e pegar uma carona.destino. cama do teu pai. jovens apavorados, vidrados no fato de que eu iria mato adentro sendo quase meia noite. mula sem cabeça, lobisomem, eu sorria, a lua estava cheia. muito cheia. não precisei ligar a lanterna, ainda não. um cavalo branco unicórnio a lua e a estrela comigo. cheguei na casa. todos dormiam. procurei tipo ninja o meu porto seguro que havia descido a montanha sem saber o porque, ele me falou. encontrei. ninguém acordou. me deitei. você surgiu
após algumas tentativas de ter um bebê, resolvemos não pensar mais nisso, nessa história de calcular período fértil, lua propícia e escambau. as coisas andavam estressantes em Poa e teu pai finalmente foi morar na comunidade do Vale Encantado, na Barra do Ouro. eu, por minha vez, trabalhava no que gostava, contava dinheiro no fim do mês mas não queria abrir mão do que havia peitado tanto para realizar! não fui com ele. nos separamos em estilo dramalhão mexicano, eu ficaria solta na capital e teu pai com as hippa pelado no meio do mato...não podia funcionar . para tentar dissolver tanta emoção, mergulhei nos ensinamentos e praticamente todos fins de semana tava eu lá no Khadro Ling participando da construção do que seria esse Templo maravilhoso que temos em 3Coroas. Rimpoche, Khadro, tantos praticantes, um mundo em samsara que aponta a saída se apresentava mais efetivo para mim, até então apenas uma deslumbrada meio esotérica que havia chegado a ele através da paixão pelo teu pai. que tava no meio do mato. arrumei um affair americano. melhor maneira de alguém cair na real ainda não vi... não deu uma semana e de barba sem fazer, cheiro de fumaça e terra no sapato bate no apartamento com cara de cachorro pidão dizendo "só falta você". isso tudo era você chegando José , agora vou trabalhar, na volta conto o próximo capítulo. vai prá escola ouvir "com quem será" e tenha um lindo dia filhote amado