quinta-feira, março 05, 2009

Crônica para A Chuva

A Profundidade da Superficialidade...(Tire alguma distração e divertimento)

Necitta circulando na high & down society.

Estava sem saber o que escrever, a Lya já mandando prazo, pressionando, a M.Lisa(com a macaca nessa edição!) sugerindo o volta às aulas, expectativas, ah...cansei! Quero gramur!!! Então, já adiantando que teremos uma coluna de etiquetas por aqui, assessorada pelo melhor colunista social que já agitou essas terras vermelhas, que vem do tempo que nossas socialites flutuavam em saltos altos, fazendo semi-deuses de bandas vizinhas morderem-se de inveja com tanta realeza. Outros tempos. É...aguardem. Enquanto isso, pense sobre a listinha abaixo, tipo aquelas “os dez mais elegantes” “os dez mais ricos” “as dez mais glamourosas” “as dez mais estilosas”... relativa à nossa sociedade, e dê seus próprios nomes aos bois( eu tenho os meus mas não conto!).

Os dez sorrisos mais freqüentes na NG;

As dez boates ambulantes dominicais com o barulho mais horrível(agora com vidros personalizados);

Os dez jovens mais alucinados (incluindo os que dirigem as horríveis boates ambulantes);

As dez alpinistas sociais;

Os dez há anos falidos e nunca arruinados (decadance avec elegance)-colaboração Norman Cohen;

Os dez homens maduros e casados que não parecem maduros nem casados;

As dez mulheres idem;

Os dez cidadãos frustrados por não terem gramur, que resolvem fazer um jornal para conseguir aparecer;

Se esqueci alguma, manda chover!


• semi deuses correspondem a seres que possuem poder, decorrente de méritos passados, mas que, junto a esses méritos, semearam inveja. São movidos à competição. Na iconografia da roda da vida, eles plantam uma árvore em seu reino e ela dá seus frutos no reino dos deuses...).A pedido de M.Lisa, um pouq uinho de Dharma do Budha. Que os seres se beneficiem.

Crônica para A Chuva

Velho papo de outrora( extravagantis geris consequentis...)
por Realitis Necitta

A puberdade da minha geração foi alarmada pela notícia da AIDS. Quanta loucura em torno disso vivemos... Era abrir uma revista, ligar a tv, estar próximo do carnaval e dá-lhe camisinha, camisinha, camisinha. Todos falavam sobre sexo abertamente, na sala, quarto, cozinha e corredor. Até usuários de drogas injetáveis foram olhados e pragmaticamente orientados a terem sua própria seringa... Minha juventude teve esse subtexto: usufruir da liberdade (recém conquistada dos anos de chumbo) aprendendo a exigir e cuidar-se. Não havia tempo para hipocrisias, qualquer um, “quem vê cara não vê aids” poderia ser o próximo. No primeiro momento, as vítimas eram os gays, logo depois, os bissexuais, e então, mulheres casadas infectadas passavam a ser em maior número que prostitutas portadoras, dado a facilidade com que o profissionalismo permitia o uso de preservativo: quer, quer, não quer a fila tá na porta, love of my life.
E de repente, pimba! Não se ouve mais falar a respeito. Descobriram a cura? As pessoas se reeducaram e não precisam mais ser alertadas do perigo eminente? Quem dera fosse. Mas, infelismente, conversando com uma agente da saúde de nosso município, ouço que Lagoa Vermelha tem um dos índices mais altos de infecção por ano do estado. Que os números são tristes e a gente não fica sabendo porque a mídia entediou-se com o assunto, só isso. Notícia banal, não vende. Também, atiraram-se feito urubus, venderam paranóia, armaram o circo e agora ficam atrás de novas atrações. Só prá variar, ninguém quer pensar. E mudar.
Em meus primeiros carnavais, sabíamos que nove meses depois a cidade aumentava a população. Depois, na marra, aprendemos que poderia diminuir. Nossa cidade é carente de cultura, de arte, de pensamentos alternativos, e –logo- terreno fértil para atitudes que liberam a
mente, soltam o espírito sufocado, mas, baby, sorry, levam seu corpinho antes do tempo...
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“Ao mesmo deus que ensina a prazo
Ao mais esperto e ao mais otário
O amor na prática é sempre ao contrário...
Ah, prá que chorar?
A vida é bela e cruel, despida
Tão desprevinida e exata,
Que um dia acaba.”
Cazuza

É. A vida é desprevinida. O portador porta a única notícia certeira: não há prevenção possível da morte.
Ninguém quer ser portador, porque apesar de todos quererem ir para o céu, ninguém quer morrer. Seja disto, seja daquilo.
Para quem é portador da notícia: aproveite o dia, e faça dessa circunstância a grande oportunidade para a iluminação, mesmo por que, nada mais é real mesmo.
Para quem acha que é sólido: sábio quem aprende com suas experiências; safo quem aprende com as dos outros.
Necitta dá a real e ainda brinca no carnaval...
PS: que saudade de girar pelo salão.