sexta-feira, outubro 20, 2006

papapa


Como posso ser infeliz se caio caio caio e a rede está lá, para segurar?

Se flutuo sem noção, puro delírio, a realidade ali pouco a interessar, na vacuidade mal-humorada de que falou ao meu coração o Lama Samtem, e me lembra um amigo: fez uma pose para mim e era um sorriso.

Nossa, mas quantos amigos. Todos a guiar. Onde estamos indo, ou não queremos chegar e sim nos alargar e aprofundar?Feito o rio. Senta na beira e o rio já está lá.

Quem pode entender que o amor ficou além de um ser, de uma pessoa, e se espalhou no ar?

Quem pode entender que o amor não tem começo e nem fim, que já está lá?Alargando e aprofundando.

De todos os papéis, afinal o que importa é o de amigo. É o que fica.Obrigada a todos os meus amigos, obrigada Jeffie por me lembrar de mim.Obrigada.Ah, e -sim, sou exibida sim!(sim, sou isso e aquilo, sim!)

Deus não chama os inocentes!!!!

sábado, outubro 07, 2006

Estado Febril

Depois de meu marido ser morto com um tiro pela violência da cidade grande, reuniram-se as famílias e com horror (e poder econômico nas mãos), decretaram ser insegura a vida em Porto Alegre para uma viúva com duas crianças.

Eis-me então, de volta a pequena e pacata cidade de Lagoa Vermelha, com cerca de 28 mil habitantes. Estou eu dando meus primeiros sinais, junto à primavera, da saída de um bardo( lugar onde um ser vagueia entre a morte e o renascimento), quando algo acontece, que não estava nos planos da cúpula familiar.

Vários tiros em plena avenida central, às 4 e meia da tarde. Polícia, bandidos ricos cobrando alguma dívida, garota envolvida..a população em volta, aglomerada, excitada, quase agradecida pela novidade.

Ninguém tem algo convincente para falar. Ou calar, seria bom. Antes, aparecem justificativas e opiniões para garantir a normalidade do fato. Não é, ainda, uma Porto Alegre.

Estava lembrando o Edú e sentindo o vento, pensando como tudo era tão espiritual o tempo todo, que aquela hora, de buscar as crianças, o Edú foi baleado, e escutei a sirene da polícia. E passei incógnita, mantrando, pelos ânimos burgueses alterados...

Tive febre à noite. E ontem, recebi a incumbência de levar pedaços de uma ovelha recém-morta para distribuir entre os familiares. Deveria fazer como quem oferta um presente. A ovelha foi morta porque minha mãe cansou de esperar que o marido trouxesse um pedaço das dele para casa, blá bli bló, a ovelha pensou: e o kéko?

Cheguei a interpretar a ovelhinha em seus últimos momentos, mas não surtiu efeito algum.

A vizinha cortou o pé de abacate do terreno entre as casas porque atraia gurizada pobre que ficava passando prá lá e prá cá.


Para não esquecer que há morte em qualquer renascimento.