domingo, setembro 02, 2007


Fiz poesia e desprezei poesia
e falava assim em sua forma mesmo
como um amigo na casa de outro amigo
xingando-o sem parar:
não vales nada, és falácia, cai na real!

Dos termos mais xulos e ofensivos me vesti
o reino dos deuses uma dose de inferno pedia
não quero métrica, não forço rima
quanto mais belo,
mais fedia
ninguém me enganava tão fácil assim.

E não é que foi sucesso?
cabeças pensantes precisavam vomitar
meretrizes, viados,
vagabundos se dizendo iluminados
regozijavam em volta
da poesia, burguesinha arrependida,
agora morta!

Mas mesmo com os deuses humilhados,
algo ainda insaciava
como um rei que subjuga outro rei
o feio agora detinha o poder
tinha até cachê
se quisesse livre, naquela estética,
parecer.

(na sequência, "a vingança da poesia)

Um comentário:

Lilian disse...

Adorei a poesia burguesinha... hehe. Vou comentar em partes... Bjo.