
domingo, junho 16, 2013
1995. porto alegre. universitária solitária.
Hoje fez sol. E o calor não foi tanto a ponto de atravessar parede. O sol tão majestoso em seu reinado com toda fúria que lhe é inata, não chegava nem mesmo a penetrar pela janela.
Fiquei absorta em pensamentos, sentada, na única cadeira do Jk, em frente à janela. A cadeira não combina com a decoração, não é confortável, é preciso um objetivo prá sentar ali e ás vezes eu preciso sentar-me nela. Sentei para contemplar o sol. Seus raios tocavam, acariciavam, enchiam de luz o vidro. Mas não invadiam, não penetravam para esquentar meus pés.
Fiquei assim por horas. Tocaram o interfone, era engano. voltei para o trono, a terra tinha girado, deixado o sol para alguma japonesa e eu fui encostar a mão no vidro.
O vidro estava quente, espalmei mãos e pés contra ele e então, vi.
Na sacada dos fundos do prédio vizinho, com pupilas dilatadas, ele olhava a calcinha azul que revelava-se entre minhas pernas abaixo dos meus pés.
Quentes.

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